Desde pequena eu tive um distanciamento muito grande com a cozinha. Não tive, na infância, aqueles momentos divertidos de cozinhar com os pais e depois que arrumei um emprego, achava o máximo poder comer em um restaurante ou comprar comida pronta congelada.
Quando comecei o relacionamento com meu marido, já deixei bem claro minhas restrições com a cozinha e mesmo depois que meus filhos nasceram, apesar de me esforçar para fazer as papinhas quando eles eram bebês, meu distanciamento com a cozinha continuava o mesmo. Mas eu notava que a relação que ele tinha com a cozinha era bem diferente da minha.
Meu marido cozinhava com alegria e criatividade. Ele chamava minha filha para ajudá-lo a cozinhar e eles se divertiam e foi assim que ela aprendeu a cozinhar e a fazer pratos deliciosos, e tivemos uma fase em que, quem cozinhava em casa era ela.
Vendo todo o carinho que meu marido tinha ao cozinhar, principalmente quando fazia o prato preferido de cada um no dia do aniversário, aquilo me marcou e eu comecei a trabalhar esse bloqueio, essa “crença limitante”. A crença de que eu não sabia cozinhar, de que eu nunca conseguiria aprender a cozinhar e de que eu não conseguia cuidar de duas panelas ao mesmo tempo.
Pensando em superar essa “crença limitante”, comecei fazendo bolos, que eu aprendia vendo vídeos no YouTube e fui me arriscando cada vez mais.
Quando pedi demissão do emprego, eu me vi obrigada a cozinhar e isso me trouxe muitas experiências boas. O afeto que colocamos no ato de cozinhar para as pessoas que nós amamos é maravilhoso. Eu só queria melhorar cada vez mais e agradar meu marido, meus filhos e até a minha mãe.
Temos que lembrar que a primeira alimentação que temos sai do peito e vem repleta de afeto e, mesmo que tenha sido através de uma mamadeira, o ato de alimentar um bebê, sempre envolve afeto e acolhimento.

Então, o que eu tenho a dizer é que devemos, cada vez mais, fazer as pazes com a cozinha e com a comida. E assim, sempre pesquisar mais sobre os tipos de alimentos que estamos comendo, se são saudáveis, qual a quantidade que devemos comer e respeitar os horários de refeição, tudo isso faz parte de uma boa alimentação.
Outro ponto alto na relação afetiva com a comida são as confraternizações em família. Hoje eu me orgulho de poder levar um prato especial para aquele almoço em família e receber elogios.
Eu acredito que a comida pode ser remédio, tanto para o corpo, como para a alma. Não o simples ato de cozinhar mas a preparação que antecede: escolher os melhores alimentos, caprichar no tempero, tentar agradar o paladar.
O espírito comunitário também pede esse lado afetivo do ato de cozinhar, como na festa junina da escola, levar um bolo especial ou convidar os vizinhos para almoçar.
Bom, afinal, se quiser mandar a depressão para longe, é só cozinhar para a sua comunidade ou ajudar alguma instituição, preparando um belo prato especial. Cozinhar pode ser terapêutico.
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